x

Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar por e-mail Compartilhar no Telegram Compartilhar no Reddit
Exemplos de

A la louca

2 resultados encontrados


1. Taverna

untos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naque
s pálpebras onde a beleza sigilou os olhares da volúpia? â
lpebras onde a beleza sigilou os olhares da volúpia? — Ca
-te, Johann! enquanto as mulheres dormem e Arnold — o lour
rmurando as canções de orgia de Tieck, que música mais be
que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras n
s canções de orgia de Tieck, que música mais bela que o a
rido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu com
vinho? não reluz em todo o seu fogo a lâmpada da vida na
nterna do crânio? — Vinho! vinho! Não vês que as taças
os enquanto o fogo do vinho ou o fogo do amor os borrifa de
va? — O vinho acabou-se nos copos, Bertram, mas o fumo ond
a? — O vinho acabou-se nos copos, Bertram, mas o fumo ondu
ainda nos cachimbos! Após os vapores do vinho os vapores d
do quanto ha mais vaporoso naquele espiritualismo que nos fa
da imortalidade da alma! e pois, ao fumo das Antilhas, a im
prateava-se-lhe o reflexo das luzes do festim. Falou: — Ca
i-vos, malditos! a imortalidade da alma!? pobres doidos! e p
imortalidade da alma!? pobres doidos! e porque a alma é be
, por que não concebeis que esse ideal posse tornar-se em l
ideal posse tornar-se em lodo e podridão, como as faces be
s da virgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! n
rgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! nunca ve
da levastes porventura uma noite a cabeceira de um cadáver?
o duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e aque
fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrir-s
que aquele peito e aquela fronte iam palpitar de novo, aque
s pálpebras iam abrir-se, que era apenas o ópio do sono qu
mil vezes! a alma não é como a lua, sempre moça, nua e be
em sue virgindade eterna! a vida não e mais que a reunião
erna! a vida não e mais que a reunião ao acaso das molécu
s atraídas: o que era um corpo de mulher vai porventura tra
no cálice da flor ou na fronte da criança mais loira e be
. Como Schiller o disse, o átomo da inteligência de Platã
bela. Como Schiller o disse, o átomo da inteligência de P
tão foi talvez para o coração de um ser impuro. Por isso
uro. Por isso eu vo-lo direi: se entendeis a imortalidade pe
metempsicose, bem! talvez eu a creia um pouco; pelo platoni
e pela metempsicose, bem! talvez eu a creia um pouco; pelo p
tonismo, não! — Solfieri! és um insensato! o materialism
es! a realidade é a febre do libertino, a taça na mão, a
scívia nos lábios, e a mulher seminua, trêmula e palpitan
na mão, a lascívia nos lábios, e a mulher seminua, trêmu
e palpitante sobre os joelhos. — Blasfêmia! e não crês
ulher seminua, trêmula e palpitante sobre os joelhos. — B
sfêmia! e não crês em mais nada? teu ceticismo derribou t
— Deus! crer em Deus!?... sim! como o grito íntimo o reve
nas horas frias do medo, nas horas em que se tirita de sust
! — E os livros santos? — Miséria! quando me vierdes fa
r em poesia eu vos direi: aí há folhas inspiradas pela nat
s falar em poesia eu vos direi: aí há folhas inspiradas pe
natureza ardente daquela terra como nem Homero as sonhou, c
direi: aí há folhas inspiradas pela natureza ardente daque
terra como nem Homero as sonhou, como a humanidade inteira
túmulos do passado nunca mais lembrará! Mas, quando me fa
rem em verdades religiosas, em visões santas, nos desvarios
udo insano, e vimos que a ciência é falsa e esquiva, que e
mente e embriaga como um beijo de mulher. — Bem! muito be
daqueles contos fantásticos como Hoffmann os delirava ao c
rão dourado do Johannisberg! — Uma história medonha, nã
onha, não, Archibald? falou um moço pálido que a esse rec
mo erguera a cabeça amarelenta. Pois bem, dir-vos-ei uma hi
izeram silêncio. II SOLFIERI ...Yet one kiss on your pale c
y And those lips once so warm — my heart! my heart! Cain.
da se pendura o Crucifixo lívido. É um requintar de gozo b
sfemo que mescla o sacrilégio à convulsão do amor, o beij
Crucifixo lívido. É um requintar de gozo blasfemo que mesc
o sacrilégio à convulsão do amor, o beijo lascivo à emb
emo que mescla o sacrilégio à convulsão do amor, o beijo
scivo à embriaguez da crença! — Era em Roma. Uma noite a
mbriaguez da crença! — Era em Roma. Uma noite a lua ia be
como vai ela no verão pôr aquele céu morno, o fresco das
crença! — Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai e
no verão pôr aquele céu morno, o fresco das águas se ex
no verão pôr aquele céu morno, o fresco das águas se exa
va como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia bela. Eu pa
se exalava como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia be
. Eu passeava a sós pela ponte de... As luzes se apagaram u
ro do leito do Tibre. A noite ia bela. Eu passeava a sós pe
ponte de... As luzes se apagaram uma por uma nos palácios,
no leito de nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa jane
solitária e escura. Era uma forma branca. — A face daque
solitária e escura. Era uma forma branca. — A face daque
mulher era como a de uma estátua pálida à lua. Pelas fac
daquela mulher era como a de uma estátua pálida à lua. Pe
s faces dela, como gotas de uma taça caída, rolavam fios d
er era como a de uma estátua pálida à lua. Pelas faces de
, como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas.
à lua. Pelas faces dela, como gotas de uma taça caída, ro
vam fios de lágrimas. Eu me encostei a aresta de um paláci
resta de um palácio. A visão desapareceu no escuro da jane
... e daí um canto se derramava. Não era só uma voz melod
ar um como choro de frenesi, um como gemer de insânia: aque
voz era sombria como a do vento a noite nos cemitérios can
bre um túmulo prantos de órfão. Andamos longo tempo pelo
birinto das ruas: enfim ela parou: estávamos num campo. Aqu
³rfão. Andamos longo tempo pelo labirinto das ruas: enfim e
parou: estávamos num campo. Aqui, ali, além eram cruzes q
ali, além eram cruzes que se erguiam de entre o ervaçal. E
ajoelhou-se. Parecia soluçar: em torno dela passavam as av
e o ervaçal. Ela ajoelhou-se. Parecia soluçar: em torno de
passavam as aves da noite. Não sei se adormeci: sei apenas
saram-me uma febre. No meu delírio passava e repassava aque
brancura de mulher, gemiam aqueles soluços e todo aquele d
mulheres nada me saciava: no sono da saciedade me vinha aque
visão... Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida
Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito de
a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma nua
o leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àque
forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia
ar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a
scívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como n
z. As taças tinham ficado vazias na mesa: nos lábios daque
criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite..
. Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estre
s passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templ
quele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte de
, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal
nco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naque
tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal apertados
Pesava como chumbo... Sabeis a historia de Maria Stuart dego
da e o algoz, "do cadáver sem cabeça e o homem sem co
ção" como a conta Brantôme? — Foi uma idéia singu
r a que eu tive. Tomei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos
tive. Tomei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos lábios. E
era bela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e
ei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos lábios. Ela era be
assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a capela
ela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a cape
como o noivo as despe a noiva. Era mesmo uma estátua: tão
as despe a noiva. Era mesmo uma estátua: tão branca era e
. A luz dos tocheiros dava-lhe aquela palidez de âmbar que
¡tua: tão branca era ela. A luz dos tocheiros dava-lhe aque
palidez de âmbar que lustra os mármores antigos. O gozo f
s antigos. O gozo foi fervoroso — cevei em perdição aque
vigília. A madrugada passava já frouxa nas janelas. Àque
ão aquela vigília. A madrugada passava já frouxa nas jane
s. Àquele calor de meu peito, à febre de meus lábios, à
à febre de meus lábios, à convulsão de meu amor, a donze
pálida parecia reanimar-se. Súbito abriu os olhos empanad
olhos empanados. Luz sombria alumiou-os como a de uma estre
entre névoa, apertou-me em seus braços, um suspiro ondeou
ou-me em seus braços, um suspiro ondeou-lhe nos beiços azu
dos... Não era já a morte: era um desmaio. No aperto daque
resfriava. Pude a custo soltar-me daquele aperto do peito de
... Nesse instante ela acordou… Nunca ouvistes falar da ca
o soltar-me daquele aperto do peito dela... Nesse instante e
acordou… Nunca ouvistes falar da catalepsia? É um pesade
eito dela... Nesse instante ela acordou… Nunca ouvistes fa
r da catalepsia? É um pesadelo horrível aquele que gira ao
le que gira ao acordado que emparedam num sepulcro; sonho ge
do em que sentem-se os membros tolhidos, e as faces banhadas
dos, e as faces banhadas de lágrimas alheias sem poder reve
r a vida! A moça revivia a pouco e pouco. Ao acordar desmai
Que levas aí? A noite era muito alta: talvez me cressem um
drão. — É minha mulher que vai desmaiada... — Uma mulh
era fria. — É uma defunta... Cheguei meus lábios aos de
. Senti um bafejo morno. — Era a vida ainda. — Vede, dis
ços ásperos roçaram pelos da moça. Se eu sentisse o esta
r de um beijo... o punhal já estava nu em minhas mãos fria
udissem, corri com mais esforço. Quando eu passei a porta e
acordou. O primeiro som que lhe saiu da boca foi um grito d
a foi um grito de medo... Mal eu fechara a porta, bateram ne
. Era um bando de libertinos meus companheiros que voltavam
o de libertinos meus companheiros que voltavam da orgia. Rec
maram que abrisse. Fechei a moça no meu quarto, e abri. Mei
no meu quarto, e abri. Meia hora depois eu os deixava na sa
bebendo ainda. A turvação da embriaguez fez que não nota
frio como a folha de uma espada. Trespassava de dor o ouvi-
. Dois dias e duas noites levou ela de febre assim... Não h
respassava de dor o ouvi-la. Dois dias e duas noites levou e
de febre assim... Não houve como sanar-lhe aquele delírio
arto, e com as mãos cavei aí um túmulo. Tomei-a então pe
última vez nos braços, apertei-a a meu peito muda e fria,
eito sobre ele. Um ano — noite a noite — dormi sobre as
jes que a cobriam. Um dia o estatuário me trouxe a sua obra
ieri? — Quem era? seu nome? — Quem se importa com uma pa
vra quando sente que o vinho lhe queima assaz os lábios? qu
meu pai que era conde e bandido, por minha mãe que era a be
Messalina das ruas, pela perdição que não! Desde que eu
andido, por minha mãe que era a bela Messalina das ruas, pe
perdição que não! Desde que eu próprio calquei aquela m
pela perdição que não! Desde que eu próprio calquei aque
mulher com meus pés na sua cova de terra, eu vô-lo juro â
de terra, eu vô-lo juro — guardei-lhe como amuleto a cape
de defunta. Hei-la! Abriu a camisa, e viram-lhe ao pescoço
juro — guardei-lhe como amuleto a capela de defunta. Hei-
! Abriu a camisa, e viram-lhe ao pescoço uma grinalda de fl
am-lhe ao pescoço uma grinalda de flores mirradas. —Vede-
murcha e seca como o crânio dela! III BERTRAM But why shou
flores mirradas. —Vede-la murcha e seca como o crânio de
! III BERTRAM But why should I for others groan, When none w
e levantou. Era uma cabeça ruiva, uma tez branca, uma daque
s criaturas fleumáticas que não hesitarão ao tropeçar nu
, falou: — Sabeis, uma mulher levou-me a perdição. Foi e
quem me queimou a fronte nas orgias, e desbotou-me os lábi
mesas do jogo, e na doidice dos abraços convulsos com que e
me apertava o seio! Foi ela, vós o sabeis, quem fez-me num
dos abraços convulsos com que ela me apertava o seio! Foi e
, vós o sabeis, quem fez-me num dia ter três duelos com me
¡lida! Pois bem, vou contar-vos uma história que começa pe
lembrança desta mulher... Havia em Cadiz uma donzela... li
ça pela lembrança desta mulher... Havia em Cadiz uma donze
... linda daquele moreno das Andaluzas que não há vê-las
zela... linda daquele moreno das Andaluzas que não há vê-
s sob as franjas da mantilha acetinada, com as plantas mimos
o há vê-las sob as franjas da mantilha acetinada, com as p
ntas mimosas, as mãos de alabastro, os olhos que brilham e
da mantilha acetinada, com as plantas mimosas, as mãos de a
bastro, os olhos que brilham e os lábios de rosa d'Alexandr
lham e os lábios de rosa d'Alexandria sem delirar sonhos de
s por longas noites ardentes! Andaluzas! sois muito belas! s
s delas por longas noites ardentes! Andaluzas! sois muito be
s! se o vinho, se as noites de vossa terra, o luar de vossas
vinho de Espanha, enchei os copos: — à saúde das Espanho
s!... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . Amei muito essa moça, chamava-se Ânge
. Quando eu estava decidido a casar-me com ela, quando após
amava-se Ângela. Quando eu estava decidido a casar-me com e
, quando após das longas noites perdidas ao relento a espre
s choravam. Eu também chorava, mas era de saudades de Ânge
... Logo que pude reduzir minha fortuna a dinheiro pus-la no
ngela... Logo que pude reduzir minha fortuna a dinheiro pus-
no banco de Hamburgo, e parti para a Espanha. Quando voltei
co de Hamburgo, e parti para a Espanha. Quando voltei. Ânge
estava casada e tinha um filho... Contudo meu amor não mor
a e tinha um filho... Contudo meu amor não morreu! Nem o de
! Muito ardentes foram aquelas horas de amor e de lágrimas,
meu amor não morreu! Nem o dela! Muito ardentes foram aque
s horas de amor e de lágrimas, de saudades e beijos, de son
um dia o marido soube tudo: quis representar de Otelo com e
. Doido!... Era alta noite: eu esperava ver passar nas corti
do anjo. Quando passei, uma voz chamou-me. Entrei. — Ânge
com os pés nus, o vestido solto, o cabelo desgrenhado e os
solto, o cabelo desgrenhado e os olhos ardentes tomou-me pe
mão... Senti-lhe a mão úmida.... Era escura a escada que
escura a escada que subimos: passei a minha mão molhada pe
dela por meus lábios . Tinha saibo de sangue. — Sangue,
ra a escada que subimos: passei a minha mão molhada pela de
por meus lábios . Tinha saibo de sangue. — Sangue, Ânge
por meus lábios . Tinha saibo de sangue. — Sangue, Ânge
! De quem é esse sangue? A Espanhola sacudiu seus longos ca
ngue. — Sangue, Ângela! De quem é esse sangue? A Espanho
sacudiu seus longos cabelos negros e riu-se. Entramos numa
acudiu seus longos cabelos negros e riu-se. Entramos numa sa
. Ela foi buscar uma luz, e deixou-me no escuro. Procurei, t
u seus longos cabelos negros e riu-se. Entramos numa sala. E
foi buscar uma luz, e deixou-me no escuro. Procurei, tatean
fria como neve e molhada de um líquido espesso e meio coagu
do. Era sangue... Quando Ângela veio com a luz, eu vi... Er
íquido espesso e meio coagulado. Era sangue... Quando Ânge
veio com a luz, eu vi... Era horrível!... O marido estava
o com a luz, eu vi... Era horrível!... O marido estava dego
do. Era uma estátua de gesso lavada em sangue... Sobre o pe
vel!... O marido estava degolado. Era uma estátua de gesso
vada em sangue... Sobre o peito do assassinado estava uma cr
bre o peito do assassinado estava uma criança de bruços. E
ergueu-a pelos cabelos... Estava morta também: o sangue qu
. . . . . . . . . . . . Foi uma vida insana a minha com aque
mulher! Era um viajar sem fim. Ângela vestia-se de homem:
sana a minha com aquela mulher! Era um viajar sem fim. Ânge
vestia-se de homem: era um formoso mancebo assim. No demais
estia-se de homem: era um formoso mancebo assim. No demais e
era como todos os moços libertinos que nas mesas da orgia
rtinos que nas mesas da orgia batiam com a taça na taça de
. Bebia já como uma inglesa, fumava como uma Sultana, monta
um Espanhol. Quando o vapor dos licores me ardia a fronte e
ma repousava em seus joelhos, tomava um bandolim e me canta
olim e me cantava as modas de sua terra... Nossos dias eram
nçados ao sono como pérolas ao amor: nossas noites sim era
e sua terra... Nossos dias eram lançados ao sono como péro
s ao amor: nossas noites sim eram belas! . . . . . . . . . .
dos ao sono como pérolas ao amor: nossas noites sim eram be
s! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um dia e
partiu: partiu, mas deixou-me os lábios ainda queimados do
os dos seus, e o coração cheio de gérmen de vícios que e
aí lançara. Partiu. Mas sua lembrança ficou como o fanta
seus, e o coração cheio de gérmen de vícios que ela aí
nçara. Partiu. Mas sua lembrança ficou como o fantasma de
o fantasma de um mau anjo perto de meu leito. Quis esquecê-
no jogo, nas bebidas, na paixão dos duelos. Tornei-me um l
a no jogo, nas bebidas, na paixão dos duelos. Tornei-me um
drão nas cartas, um homem perdido por mulheres e orgias, um
e dezoito anos. Não era amor de certo o que eu sentia por e
... Não sei o que foi... Era uma fatalidade infernal. A pob
do velho fidalgo, desonrei-lhe a filha, roubei-a, fugi com e
... E o velho teve de chorar suas cãs manchadas na desonra
egfried — o pirata, depois de perder as últimas jóias de
, vendi-a. A moça envenenou Siegfried logo na primeira noit
na praia. Subi num rochedo: daí minha última voz foi uma b
sfêmia, meu último adeus uma maldição, meu último... di
a cegueira, uma nuvem ante meus olhos, como aos daquele que
buta na trevas. A sede da vida veio ardente: apertei aquele
rdente: apertei aquele que me socorria: fiz tanto, em uma pa
vra, que, sem querê-lo, matei-o. Cansado do esforço desmai
estava erguendo âncora. O comandante era um belo homem. Pe
s faces vermelhas caiam-lhe os crespos cabelos loiros onde a
£o prefirais atirar-me ao mar. — Não o faria: tens uma be
figura. Levar-te-ei comigo. Servirás... — Servir!?...—
para comandar a manobra. O comandante trazia a bordo uma be
moça. Criatura pálida, parecera a um poeta o anjo da espe
cido entre as ondas. Os marinheiros a respeitavam: quando pe
s noites de lua ela repousava o braço na amurada e a face n
. Os marinheiros a respeitavam: quando pelas noites de lua e
repousava o braço na amurada e a face na mão aqueles que
§o na amurada e a face na mão aqueles que passavam junto de
se descobriam respeitosos. Nunca ninguém lhe vira olhares
unca ninguém lhe vira olhares de orgulho, nem lhe ouvira pa
vras de cólera: era uma santa. Era a mulher do comandante.
o, à sua garrida corveta — entre aquele homem pois e aque
madona havia um amor de homem como palpita o peito que long
-se às luas do oceano solitário, que adormeceu pensando ne
ao frio das vagas e ao calor dos trópicos, que suspirou na
moças loiras da Bretanha e da Normandia, ou alguma espanho
de cabelos negros vista ao passar sentada na praia com sua
da na praia com sua cesta de flores, ou adormecida entre os
ranjais cheirosos, ou dançando o fandango lascivo nos baile
ecida entre os laranjais cheirosos, ou dançando o fandango
scivo nos bailes ao relento! Houve-as... junto a mim, muitas
co menos que a sua honra, um pouco mais que sua corveta. E e
!?... ela no meio de sua melancolia, de sua tristeza e sua p
que a sua honra, um pouco mais que sua corveta. E ela!?... e
no meio de sua melancolia, de sua tristeza e sua palidez, e
pouco mais que sua corveta. E ela!?... ela no meio de sua me
ncolia, de sua tristeza e sua palidez, ela sorria as vezes q
no meio de sua melancolia, de sua tristeza e sua palidez, e
sorria as vezes quando cismava sozinha, mas era um sorrir t
tirei ao mar... Era a última folha da minha virgindade que
nçava ao esquecimento... Agora, enchei os copos: o que vou
seus olhos úmidos e os seios intumescidos de suspiros, aque
mulher me enlouquecia as noites. Era como uma vida nova que
gadas em sangue ao nascer. Amei-a: por que dizer-vos mais? E
amou-me também. Uma vez a luz ia límpida e serena sobre a
¡guas, as nuvens eram brancas como um véu recamado de péro
s da noite, o vento cantava nas cordas. Bebi-lhe na pureza d
cada vez mais perto. Um tiro de pólvora seca da corveta rec
mou a bandeira. Não responderam. Deu-se segundo: nada. EntÃ
Não responderam. Deu-se segundo: nada. Então um tiro de ba
foi cair nas águas do barco desconhecido como uma luva de
proa contra nossa proa virou de bordo e apresentou-nos seu f
nco enfumaçado: um relâmpago correu nas baterias do pirata
terias do pirata, um estrondo seguiu-se... e uma nuvem de ba
s veio morrer perto da corveta. Ela não dormia, virou de bo
u-se... e uma nuvem de balas veio morrer perto da corveta. E
não dormia, virou de bordo: os navios ficaram lado a lado.
corveta. Ela não dormia, virou de bordo: os navios ficaram
do a lado. À descarga do navio de guerra o pirata estremece
. Ela não dormia, virou de bordo: os navios ficaram lado a
do. À descarga do navio de guerra o pirata estremeceu como
§a: as descargas trocaram-se então mais fortes de ambos os
dos. Enfim o pirata pareceu ceder. Atracaram-se os dois navi
pirata voou pelos ares. Era uma cena pavorosa ver entre aque
fogueira de chamas, ao estrondo da pólvora, ao reverberar
io queimados se atiravam a água, outros com os membros esfo
dos e a pele a despegar-se-lhes do corpo nadavam ainda entre
aqueles homens atirados ao mar, num mar sem horizonte, ao ba
nço das águas, que parecem sufocar seu escárnio na mudez
om fome, pare saber o que é a borrasca!... fora mister vê-
de uma jangada à luz da tempestade, às blasfêmias dos qu
ora mister vê-la de uma jangada à luz da tempestade, às b
sfêmias dos que não crêem e maldizem, às lágrimas dos q
eles passavam cortando-as a nado, as águas do pântano de
va se apertavam: a morte era para os filhos de Deus, não pa
ra os filhos de Deus, não pare o bastardo do mal! Toda aque
noite, passei-a com a mulher do comandante nos braços. Era
ntre um descrido e uma mulher pálida que enlouquecia: o tá
mo era o oceano, a escuma das vagas era a seda que nos a alc
dante, ele e dois marinheiros… Alguns dias comemos umas bo
chas repassadas da salsugem da água do mar. Depois tudo o q
e murcharam, como nossas faces, as nossas esperanças, osci
mos entre o passado visionário e este amanhã do velho, gel
amos entre o passado visionário e este amanhã do velho, ge
do e ermo despido como um cadáver que se banha antes de dar
bem! miséria e loucura! interrompeu uma voz. O homem que fa
ra era um velho. A fronte se lhe descalvara e longas e funda
avava no mar da vida... Sob espessas sobrancelhas grisalhas
mpejavam-lhe os olhos pardos e um espesso bigode lhe cobria
ite de embriaguez e de febre — e uma agonia de poeta... De
, tenho uma rosa murcha e a fita que prendia seus cabelos. D
oço, se entendes a ciência de Gall e Spurzheim, dize-me pe
protuberância dessa fronte, e pelas bossas dessa cabeça q
e Spurzheim, dize-me pela protuberância dessa fronte, e pe
s bossas dessa cabeça quem podia ser esse homem? — Talvez
va o sopro de Deus, cérebros que a luz divindade gênio esc
recia, e que o vinho enchia de vapores e a saciedade de escÃ
heu-lhe o crânio protuberante da luz do gênio. Ergueu-o pe
mão, mostrou-lhe o mundo do alto da montanha, como Satã q
do céu nos arvoredos da terra. É tua: acorda-a, ama-a e e
te amará; no seio dela, nas ondas daquele cabelo, afoga-te
a terra. É tua: acorda-a, ama-a e ela te amará; no seio de
, nas ondas daquele cabelo, afoga-te como o sol entre vapore
e cabelo, afoga-te como o sol entre vapores. Rei no peito de
, rei na terra, vive de amor e crença, de poesia e de belez
s os alimentos, restavam três pessoas: eu, o comandante e e
. — Eram três figuras macilentas como o cadáver, cujos p
ido pelos ventos frios do norte, mais umas horas mortas de b
sfêmia e de agonia, de esperança e desespero, de orações
manhã... Deus terá compaixão de nos... Por vossa mãe, pe
s entranhas de vossa mãe! por Deus se ele existe! deixai, d
ento do mar açoita as ondas, quando a escuma do oceano vos
va o corpo lívido e nu, quando o horizonte é deserto e sem
vido e nu, quando o horizonte é deserto e sem termo e as ve
s que. branqueiam ao longe parecem fugir! Pobre louco! Eu ri
a peito, pé por pé... por um dia de miséria! A lua amare
da erguia sua face desbotada, como uma meretriz cansada de u
a presa; e às minhas noites fastientas uma sombra vinha rec
mar sua ração de carne humana... Lancei os restos ao mar..
as uma sombra vinha reclamar sua ração de carne humana...
ncei os restos ao mar... Eu e a mulher do comandante passamo
dante passamos um dia, dois, sem comer nem beber... Então e
propôs-me morrer comigo. — Eu disse-lhe que sim. Esse di
aturas em delírio de morte. Quando soltei-me dos braços de
a fraqueza a fazia desvairar. O delírio tornava-se mais lo
hálito de meu peito parecia fogo, meus lábios secos e esta
dos apenas se orvalhavam de sangue. Tinha febre no cérebro.
os a minha boca em fogo, apertei-a convulsivo, sufoquei-a. E
era ainda tão bela! Não sei que delírio estranho se apod
ogo, apertei-a convulsivo, sufoquei-a. Ela era ainda tão be
! Não sei que delírio estranho se apoderou de mim. Uma ver
ngui mais: — era como a escuma das vagas, como um lençol
nçado nas águas... Quantas horas, quantos dias passei naqu
çado nas águas... Quantas horas, quantos dias passei naque
modorra nem o sei... Quando acordei desse pesadelo de homem
eu sou pintor... É uma lembrança triste essa que vou reve
r, porque é a história de um velho e de duas mulheres, bel
ar, porque é a história de um velho e de duas mulheres, be
s como duas visões de luz. Godofredo Walsh era um desses ve
ziam uns que este casamento fora um amor artístico por aque
beleza romana, como que feita ao molde das belezas antigas;
ao molde das belezas antigas; outros criam-no compaixão pe
pobre moca que vivia de servir de modelo. O fato e que ele
ervir de modelo. O fato e que ele a queria como filha, como
ura, a filha única de seu primeiro casamento, Laura!... cor
ilha, como Laura, a filha única de seu primeiro casamento,
ura!... corada como uma rosa e loira como um anjo. Eu era ne
de mancebo ainda puro do ressumbrar infantil, pensativo e me
ncólico como o Rafael se retratou no quadro da galeria Barb
como as primaveras cheias de flores e de brisas que nos emba
vam aos céus da Itália. Como eu o disse: o mestre tinha um
Itália. Como eu o disse: o mestre tinha uma filha chamada
ura. Era uma moca pálida, de cabelos castanhos e olhos azul
aura. Era uma moca pálida, de cabelos castanhos e olhos azu
dos; sua tez era branca, e só às vezes, quando o pejo a in
e avermelhavam a face e se destacavam no fundo de mármore.
ura parecia querer-me como a um irmão. Seus risos, seus bei
mia ainda — o mestre saíra e Nauza fora a igreja, quando
ura entrou no meu quarto e fechou a porta: deitou-se a meu l
aura entrou no meu quarto e fechou a porta: deitou-se a meu
do. Acordei nos braços dela. O fogo de meus dezoito anos, a
fechou a porta: deitou-se a meu lado. Acordei nos braços de
. O fogo de meus dezoito anos, a primavera virginal de uma b
al de uma beleza, ainda inocente, o seio seminu de uma donze
a bater sobre o meu, isso tudo... ao despertar dos sonhos a
nhos alvos da madrugada, me enlouqueceu... Todas as manhãs
ura vinha a meu quarto... Três meses passaram assim. Um dia
a meu quarto... Três meses passaram assim. Um dia entrou e
no meu quarto e disse-me: — Gennaro, estou desonrada para
im fria e fora de si para seu quarto. Nunca mais tornou a fa
r-me em casamento. Que havia de eu fazer? contar tudo ao pai
casamento. Que havia de eu fazer? contar tudo ao pai e pedi-
em casamento? Fora uma loucura... Ele me mataria e a ela: o
di-la em casamento? Fora uma loucura... Ele me mataria e a e
: ou pelo menos me expulsaria de sua casa...: E Nauza? cada
ravava entre o dever e o amor, e entre o dever e o remorso.
ura não me falara mais. Seu sorriso era frio: cada dia torn
ever e o amor, e entre o dever e o remorso. Laura não me fa
ra mais. Seu sorriso era frio: cada dia tornava-se mais pál
mo arrancava as cãs. Eu contudo não esquecera Nauza, nem e
se esquecia de mim. Meu amor era sempre o mesmo: eram sempr
as vezes a sombra de um remorso me passava, mas a imagem de
dissipava todas essas névoas ... Uma noite... foi horríve
névoas ... Uma noite... foi horrível... vieram chamar-me:
ura morria. Na febre murmurava meu nome e palavras que ningu
am chamar-me: Laura morria. Na febre murmurava meu nome e pa
vras que ninguém podia reter, tão apressadas e confusas lh
, tão apressadas e confusas lhe soavam. Entrei no quarto de
: a doente conheceu-me. Ergueu-se branca, com a face úmida
a de um suor copioso, chamou-me. Sentei-me junto do leito de
. Apertou minha mão nas suas mãos frias e murmurou em meus
ida, estorceu-se no leito, lívida, fria, banhada de suor ge
do, e arquejou... Era o último suspiro. Um ano todo se pass
oidecido. Todas as noites fechava-se no quarto onde morrera
ura: levava aí a noite toda em solidão. Dormia? ah que nã
s passadas pesadas do mestre se ouviam pelo quarto, mas vaci
ntes como de um bêbedo que cambaleia. Uma noite eu disse a
Uma noite eu disse a Nauza que a amava: ajoelhei-me junto de
, beijei-lhe as mãos, reguei seu colo de lágrimas. Ela vol
o dela, beijei-lhe as mãos, reguei seu colo de lágrimas. E
voltou a face: eu cri que era desdém, ergui-me —Então N
dém, ergui-me —Então Nauza, tu não me amas, disse eu. E
permanecia com o rosto voltado. — Adeus, pois; perdoai-me
u possa chorar sem remorso... Tomei-lhe a mão e beijei-a. E
deixou sua mão nos meus lábios. Quando ergui a cabeça, e
ua mão nos meus lábios. Quando ergui a cabeça, eu a vi: e
estava debulhada em lágrimas. — Nauza! Nauza! uma palavr
ela estava debulhada em lágrimas. — Nauza! Nauza! uma pa
vra, tu me amas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o o mais foi um sonho: a lua passava entre os vidros da jane
aberta e batia nela: nunca eu a vira tão pura e divina! .
o: a lua passava entre os vidros da janela aberta e batia ne
: nunca eu a vira tão pura e divina! . . . . . . . . . . .
smoso. O mestre veio ao leito de Nauza. Gemia e chorava aque
voz cavernosa e rouca: tomou-me pelo braço com força, aco
ço com força, acordou-me e levou-me de rasto ao quarto de
ura... Atirou-me ao chão: fechou a porta. Uma lâmpada esta
o defronte de um painel. Ergueu o lençol que o cobria. Era
ura moribunda! E eu macilento como ela tremia como um conden
§ol que o cobria. Era Laura moribunda! E eu macilento como e
tremia como um condenado. A moca com seus lábios pálidos
pálidos murmurava no meu ouvido… Eu tremi de ver meu semb
nte tão lívido na tela e lembrei-me que naquele dia ao sai
u ouvido… Eu tremi de ver meu semblante tão lívido na te
e lembrei-me que naquele dia ao sair do quarto da morta, no
me que naquele dia ao sair do quarto da morta, no espelho de
que estava ainda pendurado a janela, eu me horrorizara de v
da morta, no espelho dela que estava ainda pendurado a jane
, eu me horrorizara de ver-me cadavérico... Um tremor, um c
eu me horrorizara de ver-me cadavérico... Um tremor, um ca
frio se apoderou de mim. Ajoelhei-me, e chorei lágrimas ard
rei lágrimas ardentes. Confessei tudo: parecia-me que era e
quem o mandava, que era Laura que se erguia dentre os lenç
fessei tudo: parecia-me que era ela quem o mandava, que era
ura que se erguia dentre os lençóis do seu leito e me acen
a agonia! No outro dia o mestre conversou comigo friamente.
mentou a falta de sua filha, mas sem uma lágrima. Mas sobre
, mas sem uma lágrima. Mas sobre o passado na noite, nem pa
vra. Todas as noites era a mesma tortura, todos os dias a me
tudo, lembrei-me que uma noite, quando eu saia do quarto de
ura com o mestre, no escuro vira uma roupa branca passar-me
çaram-me uns cabelos soltos, e nas lájeas do corredor esta
vam umas passadas tímidas de pés nus Era Nauza que tudo vi
noite, depois da ceia, o mestre Walsh tomou sua capa e uma
nterna e chamou-me para acompanhá-lo. Tinha de sair fora da
amos juntos muito tempo: cada vez mais nos entranhávamos pe
s montanhas, cada vez o caminho era mais solitário. O velho
ras soltas por nossos pés a cada passada se despegavam e ro
vam pelo despenhadeiro e, instantes depois, se ouvia um som
¡gua onde cai um peso… A noite era escuríssima. Apenas a
nterna alumiava o caminho tortuoso que seguíamos. O velho l
anterna alumiava o caminho tortuoso que seguíamos. O velho
nçou os olhos à escuridão do abismo e se riu. — Espera-
— Espera-me aí, disse ele, já venho. Godofredo tomou a
nterna e seguiu para o cume da montanha: eu sentei-me no cam
da montanha: eu sentei-me no caminho à sua espera: vi aque
luz ora perder-se, ora reaparecer entre os arvoredos nos zi
s minutos depois o mestre estava comigo. O velho assentou a
nterna num rochedo, despiu a capa e disse-me: — Gennaro, q
ro que sejas juiz dele. Um velho era casado com uma moça be
. De outras núpcias tinha uma filha bela também Um aprendi
do com uma moça bela. De outras núpcias tinha uma filha be
também Um aprendiz — um miserável que ele erguera da po
nto às vezes ergue uma folha, mas que ele podia reduzir a e
quando quisesse… Eu estremeci, os olhares do velho pareci
nho! se o visses de dia, teus olhos se escureceriam e aí ro
rias talvez de vertigem! É um túmulo seguro; e guardará o
velho riu-se: infernal era aquele rir dos seus lábios esta
dos de febre. Só vi aquele riso... Depois foi uma vertigemâ
esadelos em que se cai de uma torre e se fica preso ainda pe
mão, mas a mão cansa, fraqueja, sua, esfria... Era horrí
horrível: ramo a ramo, folha por folha os arbustos me esta
vam nas mãos, as raízes secas que saiam pelo despenhadeiro
as mãos, as raízes secas que saiam pelo despenhadeiro esta
vam sobre meu peso e meu peito sangrava nos espinhais. A que
ia me veio: ir ter com o mestre. Ao ver-me salvo assim daque
morte horrível, pode ser que se apiedasse de mim, que me p
tido! Os cabelos me arrepiaram na cabeça, e suor frio me ro
va pelo rosto. Quando cheguei a casa do mestre achei-a fecha
s portas que davam para ele estavam também fechadas. Uma de
s era fraca: com pouco esforço arrombei-a. Ao estrondo da p
-a. Ao estrondo da porta que caiu só o eco respondeu nas sa
s. Todas as janelas estavam fechadas: nem uma lamparina aces
porta que caiu só o eco respondeu nas salas. Todas as jane
s estavam fechadas: nem uma lamparina acesa. Caminhei tatean
ondeu nas salas. Todas as janelas estavam fechadas: nem uma
mparina acesa. Caminhei tateando ate a sala do pintor. Chegu
echadas: nem uma lamparina acesa. Caminhei tateando ate a sa
do pintor. Cheguei lá, abri as janelas e a luz do dia derr
hei tateando ate a sala do pintor. Cheguei lá, abri as jane
s e a luz do dia derramou-se na sala deserta. Cheguei então
heguei lá, abri as janelas e a luz do dia derramou-se na sa
deserta. Cheguei então ao quarto de Nauza, abri a porta e
a velha da cabana era uma mulher que vendia veneno e fora e
decerto que o vendera, porque o pó branco do copo parecia
§a... — Era Nauza!... mas Nauza cadáver, já desbotada pe
podridão. Não era aquela estátua alvíssima de outrora,
Nauza cadáver, já desbotada pela podridão. Não era aque
estátua alvíssima de outrora, as faces macias e colo de n
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . V C
UDIUS HERMANN . . . Ecstacy! My guise as yours doth temperat
mo-lhe o sudário para amostrar-lhe uma nódoa de sangue. Fa
que chegou tua vez. — Claudius sonha algum soneto ao jeit
rar-lhe uma nódoa de sangue. Fala que chegou tua vez. — C
udius sonha algum soneto ao jeito do Petrarca, alguma auréo
udius sonha algum soneto ao jeito do Petrarca, alguma auréo
de pureza como a dos espíritos puros da Messiada! disse en
da mesa. — Pois bem! quereis um historia? Eu pudera conta-
s, como vos, loucuras de noites de orgia; mas para que? Fora
fistóteles as horas de perdição que lidou com ele. Sabei-
s... essas minhas nuvens do passado, leste-lo à farta o liv
inhamos para o futuro, também desfolhei muitas crenças, e
ncei despidas as minhas roupas mais perfumadas, para trajar
flúvio de alguma lembrança pura! — Bravo! Bravíssimo! C
udius, estas completamente bêbedo! bofé que estas românti
aso, sabeis melhor que vertigem nos tonteia então... ideai-
melhor a loucura que nos delira naqueles jogos de milhares
o luxo também sacia, e essa uma saciedade terrível! para e
nada basta... nem as danças do Oriente, nem as lupercais r
tariam a seiva de morte, essa vitalidade do veneno de que fa
Byron. Meu lance no turf foi minha fortuna inteira. Eu era
de morte, essa vitalidade do veneno de que fala Byron. Meu
nce no turf foi minha fortuna inteira. Eu era rico, muito ri
os sentiam-se febris de impaciência, um murmúrio correu pe
s multidões, um sorriso... e depois eram as frontes que se
e se expandiam e depois uma mulher passou a cavalo. Víssei-
como eu, no cavalo negro, com as roupas de veludo, as faces
ransluzindo a rainha em todo aquele ademã soberbo: víssei-
bela na sua beleza plástica e harmônica, linda nas suas c
uzindo a rainha em todo aquele ademã soberbo: víssei-la be
na sua beleza plástica e harmônica, linda nas suas cores
o esmero do colo ressaltando nas roupas de amazona: víssei-
assim e, à fé, senhores, que não havíeis rir de escárn
omo rides agora! — Romantismo! deves estar muito ébrio, C
udius, para que nos teus lábios secos de Lovelace e na tua
to ébrio, Claudius, para que nos teus lábios secos de Love
ce e na tua insensibilidade de D. Juan venha a poesia ainda
que porventura vai de incêndio por aqueles lábios de Love
ce e como arqueja o amor sob as roupas gotejantes de chuvas
de D. Juan —o libertino! Insano, que nunca sonhastes Love
ce sem sua máscara talvez chorando Clarisse Harlowe, pobre
nunca sonhastes Lovelace sem sua máscara talvez chorando C
risse Harlowe, pobre anjo, cujas asas brancas ele ia desbota
onhastes o Espanhol acordando no lupanar, passando a mão pe
fronte e rugindo de remorso e saudade ao lembrar tantas vis
omo um mistério, no lodo escuro da taverna? Por que lembra-
a estrela do amor a luz do lampião da crápula? Poesia! sa
tério, no lodo escuro da taverna? Por que lembra-la a estre
do amor a luz do lampião da crápula? Poesia! sabeis o que
ro da taverna? Por que lembra-la a estrela do amor a luz do
mpião da crápula? Poesia! sabeis o que é a poesia? — Me
que lembra-la a estrela do amor a luz do lampião da crápu
? Poesia! sabeis o que é a poesia? — Meio cento de palavr
pula? Poesia! sabeis o que é a poesia? — Meio cento de pa
vras sonoras e vãs que um pugilo de homens pálidos entende
ns pálidos entende, uma escada de sons e harmonias que aque
s almas loucas parecem idéias e lhes despertam ilusões com
romance, o delírio e a paixão da última heroína de nove
e o presente incerto e vago de um gozo místico, pelo qual
ªncio, Bertram! teu cérebro queimaram-to os vinhos, como a
va de um vulcão as relvas e flores da campina. Silêncio! Ã
o as relvas e flores da campina. Silêncio! és como essas p
ntas que nascem e mergulham no mar morto: cobre-as uma crist
hã, da agonia de ontem em seu leito de flores! — Basta, C
udius: que isso que aí dizes ninguém o entende: são palav
Claudius: que isso que aí dizes ninguém o entende: são pa
vras, palavras e palavras, como o disse Hamlet; e tudo isso
que isso que aí dizes ninguém o entende: são palavras, pa
vras e palavras, como o disse Hamlet; e tudo isso é inanido
e aí dizes ninguém o entende: são palavras, palavras e pa
vras, como o disse Hamlet; e tudo isso é inanido e vazio co
voenta que se chama a poesia! — A história! a historia! C
udius, não vês que essa discussão nos fez bocejar de téd
ue ouvi, nem o que vi; sei só que lá estava uma mulher, be
como tudo quanto passa mais puro à concepção do estatuá
vos: seis meses! concebes? seis meses de agonia e desejo ane
nte, seis meses de amor com a sede da fera! seis meses! como
hei que era demais. Todo esse tempo havia passado em contemp
ção, em vê-la, ama-la e sonhá-la: apertei minhas mãos j
is. Todo esse tempo havia passado em contemplação, em vê-
, ama-la e sonhá-la: apertei minhas mãos jurando que isso
esse tempo havia passado em contemplação, em vê-la, ama-
e sonhá-la: apertei minhas mãos jurando que isso não iri
havia passado em contemplação, em vê-la, ama-la e sonhá-
: apertei minhas mãos jurando que isso não iria além, que
so não iria além, que era muito esperar em vão e que se e
viria, como Gulnare aos pés do Corsário, a ele cabia ir t
como Gulnare aos pés do Corsário, a ele cabia ir ter com e
. Uma noite tudo dormia no palácio do duque. A duquesa, can
quesa, cansada do baile, adormecia num diva. A lâmpada de a
bastro estremecia-lhe sua luz dourada na testa pálida. Pare
de um criado, esse homem jurava que nessa noite gozaria aque
mulher: fosse embora veneno, ele beberia o mel daquela flor
aquela mulher: fosse embora veneno, ele beberia o mel daque
flor, o licor de escarlate daquela taça. Quanto a esses pr
ora veneno, ele beberia o mel daquela flor, o licor de escar
te daquela taça. Quanto a esses prejuízos de honra e adult
, ele beberia o mel daquela flor, o licor de escarlate daque
taça. Quanto a esses prejuízos de honra e adultério, nã
sua vontade era como a folha de um punhal — ferir ou esta
r. Na mesa havia um copo e um frasco de vinho, encheu o copo
de vinho, encheu o copo: era vinho espanhol... Chegou-se a e
, ergueu-a com suas roupas de veludo desatadas, seus cabelos
ho. As gargalhadas frias vinham mais de entuviada... Estava
. Não dormi, não podia dormir: uma modorra ardente me ferv
eu te perdôo tudo... Eras um infame... Morrerei... Fui uma
... Morrerei... por tua causa... teu filho... o meu... vou v
s entende, uma escada de sons e harmonias que aquelas almas
s parecem idéias e lhes despertam ilusões como a lua as so

2. A la louca

Falava ‎
. Estava vestida a la louca.
Falava a la louca. Estava vestida ‎
.